sexta-feira, 16 de julho de 2010

as feias senhorinhas que cospem diamantes


Os conselhos eram do fundo de um boteco sujo, mas seus olhos ouviam atentos como se escutasse a voz de alguém, sábio, sábio demais para ser ignorado.
Aqueles olhos lhe conferiam autoridade, então ela continuou falando firme, porém com um toque ameno, quase terno.
Sabia que se fosse por um segundo austera perderia o ouvir dos olhos, que se transformariam em dois poços fundos, verdes, fundos, arredios, verdes, fundos, fugidios, e mais e mais verdes e fundos.
Pra sua surpresa os dois se encheram de uma água calma, que talvez pela inclinação da cabeça cansada não podia de nenhuma sorte escorrer.
Mas a água se agita por nada e em uma brecha delicada das marcas sob os olhos deixadas generosas por outros sorrisos de antes, uma lágrima escapou.
O discurso foi interrompido pelo gozo, nunca pensara que podia emocionar, então calou o amor e se atirou.
Foi o suicídio mais bonito que já tive noticia, ela abriu os braços e se atirou nos poços verdes e fundos.
Conto porque vi.
Essa noite dormiram em casa, as duas, a morta e os olhos.
Deixei meus poços castanhos escuros, fundos, escuros, curiosos e castanhos descansarem sobre suas belezas discrepantes.
Pensei em como era engraçado, me diziam sempre que o amor não necessita e até ignora o tempo, só acreditei ao vê-las hoje de manhã.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

É...

Hoje não tem foto...não tem gracinhas...não tem nada a mais do que é pra ter...escrevo pra ninguem ler...escrevo pq me canso...escrevo pq insisto...chega já falei demais...não quero mais falar...é só...


é o que tem para o momento

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O país que Alice Viu

Ali se perdia o sonho
Num vento leve de outono
Ali se fazia festa
Aqui era só uma voz...
Gritos de desespero não tocam ouvidos
e giram como ciranda sem música, sem alegria
Aqui é que se faz, mas
Ali se paga o preço
das fantasias dormentes,
dos pássaros tristes no ventre,
de quem se desfaz em água e sal...
Ali se contava histórias sobre um novo país...
onde tudo era o que não era
onde o avesso era certo verso de métrica bem desenhada...
Gatos,
flores,
folhas,
rios de água salgada...
Porta menor que o corpo....
Lagarta,
carta,
rainha,
coelho,
chapéu de chapeleiro que louco parou no tempo...

País maravilhoso...

Espera os oprimidos,
em barcas multicoloridas
em pequenos comprimidos...

Aqui se faz o caminho, mas
ALI SE perde no desconhecido...




É pouco, mas é o que tem para o momento.

terça-feira, 21 de abril de 2009



Hoje e só por hoje não vou mentir, nem enganar, nem trair...


Por hoje nem respiro, nem transpiro...


Mas é só hoje e hoje por mais que se prolongue acaba...


E amanhã não há dessas...vou sair para caçar...vou derrubar, oprimir, sangrar, comprar barato, beijar com violência, esquecer...


Hoje dei de me arrastar, de fumar até o filtro de cada impaciência...


Hoje eu queria um Deus só pra mim, então eu nem rezar precisaria pois ele me saberia...


Pois por hoje nem rezar nem explicar...acordei virada...e assim vou ficando até o hoje passar de uma vez...


E quer saber, é o que tem para o momento...

domingo, 12 de abril de 2009

Depois de ter você...


Acabei de assistir Srta.Calcanhoto e Srta.Betânia cantando "depois de ter você" , umas 200 vezes, é a coisa mais bonita que eu vi no dia de hoje...mesmo que eu tenha acabado de acordar e ainda não tenha visto muitas coisas de fora...é lindo, elas tem intimidade, os olhares se perdem um sem número de vezes, parece tão certo, como uma composição sem esforço, ela simplesmente toma cada músculo, e aí vem...



"pra que amendoeiras pelas ruas?
para que servem as ruas?
os deuses as dúvidas?
que hora são?
se o sol virá ou não?
para que serve uma canção como
essa?"

E aí não precisa de ordem como todas coisas que precisam de ordem...é livre no verso e na interpretação...eu posso trocar as frases um sem número de vezes sem nunca tocar no sentido, que é apenas que depois de ter você já não há.

No final dessa poesia elas trocam o beijo rápido mais lento que alguém já confessou.

E depois de tê-las foi minha noite que ficou longa...Eu só pensava nas Amendoeiras...as amendoeiras...colher beijos lentos nas amendoeiras...repousar as costas cansadas de desamores no tronco de uma amendoeira...dedicar meu tempo em lembrar que nada serve nem pesa depois de ter você à sombra das amendoeiras...


o dia depois do mesmo...e assim por diante



Não é realmente uma pena que não possamos ter certeza nem da morte...Eu que já nasci na década pré-pós-tudo me pego pensando que de mais a mais não há nada que realmente se sustente, e eu...eu acho é pouco...vivo de ouvido colado na parede do futuro e acho realmente fantástico que possamos driblar tudo...é lindo, como assistir gente confinada sob o olhar constante, cruel e lento do grande irmão, e mais fantástico, o grande irmão sou eu...E isso não para, é possibilidade que não acaba, são coisas que nem os pioneiros da Marvel e DC imaginariam, clones, curas, congelamentos tudo em promoção, e a xepa dos acontecimentos ainda pode ser apanhada em TVs de 352 polegadas, que você compra pela bagatela de um compromisso mensal de parcelas vitalícias...E eu preocupada em não conseguir deixar minha coluna ereta, enquanto o mundo quer que minha coluna se foda, pois o importante mesmo é o conteúdo seguro de próteses mamárias perfeitas indicadas pelo Dr. Vocepodeseroqueesperamquevoceseja.com...sei lá, não posso parar de agradecer, tem tanta gente morrendo, sefrendo das mais diversas mazelas, preconceito de gênero, número e grau, tanta gente sem nada, sem um gato pra puxar pelo rabo e eu, ah! eu tenho meus problemas, mas sou abençoada pela diversidade de mercado, ilusões, consumo, tudo de mais real, porque abstração não existe, intelectualização não existe, o que existe é o que precisa ser olhado, tem peso, e custa...Ai, que acho tudo uma grande bobagem, nada que eu digo se escreve, muito menos se lê...mas é o que tem para o momento...

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Mais um dia...

Por enquanto é isso...volto a incomodar mais tarde...