sexta-feira, 16 de julho de 2010

as feias senhorinhas que cospem diamantes


Os conselhos eram do fundo de um boteco sujo, mas seus olhos ouviam atentos como se escutasse a voz de alguém, sábio, sábio demais para ser ignorado.
Aqueles olhos lhe conferiam autoridade, então ela continuou falando firme, porém com um toque ameno, quase terno.
Sabia que se fosse por um segundo austera perderia o ouvir dos olhos, que se transformariam em dois poços fundos, verdes, fundos, arredios, verdes, fundos, fugidios, e mais e mais verdes e fundos.
Pra sua surpresa os dois se encheram de uma água calma, que talvez pela inclinação da cabeça cansada não podia de nenhuma sorte escorrer.
Mas a água se agita por nada e em uma brecha delicada das marcas sob os olhos deixadas generosas por outros sorrisos de antes, uma lágrima escapou.
O discurso foi interrompido pelo gozo, nunca pensara que podia emocionar, então calou o amor e se atirou.
Foi o suicídio mais bonito que já tive noticia, ela abriu os braços e se atirou nos poços verdes e fundos.
Conto porque vi.
Essa noite dormiram em casa, as duas, a morta e os olhos.
Deixei meus poços castanhos escuros, fundos, escuros, curiosos e castanhos descansarem sobre suas belezas discrepantes.
Pensei em como era engraçado, me diziam sempre que o amor não necessita e até ignora o tempo, só acreditei ao vê-las hoje de manhã.

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